15 anos

No comment yet

O meu primo é parte de mim. Não tenho com ele a relação estranha de meio amigo meio familiar chato que se tem com os primos. Para mim é um irmão. O irmão mais novo que tenho.

Guardo com saudade a primeira vez que o vi e o julguei igual ao heroi dos meus desenhos animados favoritos de então: Rugrats. O que ninguém percebeu na altura foi que para mim compara-lo ao Tommy era uma elogio tal que era imensamente maior que qualquer comissão de boas vindas.

Foi, primeiro, um amor à distância. Ele ia ao Alentejo e eu vinha a Lisboa. Depois ficámos juntos no mesmo quarto e ainda assim estamos. Ele cresceu, agora é um pequeno homem. Já tem quinze anos e eu orgulho-me dele. É um atleta, já ganhou medalhas em natação e judo, tem um coração de ouro e é ainda um belo palhaço. Começa agora a tocar guitarra com uma mestria notável.

Ensinei-lhe muito. Quero ensinar mais. Jogámos consola até os olhos reclamarem, depois jogámos mais: UEFA CL 98/99 ; Crash Team Racing, FIFA 2000, 2001, 2008 e muitos demos. Jogámos futebol na praia, no parque, no campo, na garagem. Desde o tempo em que eu corria mais que ele e lhe ganhava. Fizemos desenhos até gastar os lápis e até ele ganhou uns prémios. Lutámos. Corremos. Chapinhámos na água. Fizemos malandrices. Gozámos com o mundo.

Agora cresces mas estou aqui. Vou sempre estar. Vou-te foder os cornos se me apareceres bêbado à frente e vou-te aturar quando te partirem o coração nas primeiras 123677 vezes.

Cresceste bem. Espero que isso seja um bocadinho por culpa minha. Tenho orgulho em ti. Estou aqui.