A morte bate à porta

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Este texto começa a 2 de Junho de 1996. O bisavó morrera no dia anterior. "Desliga a televisão que o avó Zé Domingos morreu" disse a mãe. Forte. Mas no dia 2 já não foi. Tinha 12 anos e já me lembro de ser maduro. Eu é que abracei a minha mãe quando via o caixão descer para ser engolido pela dura e solarenga terra de alentejo veranil. A seguir voltámos para casa com os primos e alguns riram com o reecontro. Forçado.


Este texto continua sempre com o medo. Os avós doentes. Quando nos liga a voz chorosa do familiar e nos obriga a largar tudo para os ver frios? Quando liga a voz grave de doutor e diz que tudo fez mas nada evitou? O medo estará sempre presente enquanto o amor ainda existir. A morte dos familiares dos outros lembram-nos sempre da morte que já houve e da que virá para a nossa família. Beijo o avô e a avó ternamente todas as vezes. Sei que vão partir antes de mim. Sei que vou assistir. Sei que nunca estarei preparado. Mal posso antecipar os mares que chorarei. Mas tenho-os ainda. Como tesouros os guardo.


Este texto acaba com a esperança. Força aos que perderam a quem amavam com o familiar amor verdadeiro. Força aos que viram os seus serem uns e agora serem outros. A decadência dos velhos faz-nos ser responsáveis.

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Anonymous 22 April, 2008 07:06

és grande!

Anonymous 22 April, 2008 07:07

oops! Esqueci-me da minha assinatura habitual... :-)

Francisco 22 April, 2008 13:51

atingiste o nirvana literário