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1- Se os amantes soubessem o fim das suas histórias não escreviam cartas de amor

2-Tu és uma gaveta, é s a gaveta no quarto onde te guardo.
Eu sou o arrependimento, a mágoa, a garganta com espinhos, tu és uma gaveta.
Eu sou mil presentes, mil e uma memórias de boas acções. Tu és uma gaveta.
Tudo o que me deste cabe numa gaveta e não me deixou esquecer.
Tudo o que te dei assalta-te os sentidos e ainda assim não te lembras.O amor dura enquanto a memória arde.

3-Escrevo sozinho abandonado pela fé na humana raça mas, se perguntarem se estou sozinho direi não.Estou acompanhado. Tenho demónios interiores e lembranças exteriores.Demonios que, com foices me picam para chorar ou escrever e lembranças que beijam o sorriso até o matarem.Já fui feliz.Essa certeza eleva-me acima de muitos mortais.

4-Não voltarei a honrar-te comigo. Partiste e a estação e cais que em mim haviam para ti partiram contigo.Se um dia voltares não poderei mais receber-te.

5-Depois de ti passaram por mim muitos relógios, uns de corda que me enforcaram outros de pulso onde senti te-lo para sobreviver.

6-Escreveste uma peça e montaste um teatro. Se tu acreditavas, como podia eu desconfiar da farsa?Agoar que deixaste o pano cair em mim lembrei-me de ser mau actor e voltar a ser humano.

7-Agora chegas tu, nova quimera, e farás cada minuto ancorado em ti valer o resto do tempo em tempestades.


8-Adeus, sarei da ferida de nenhum dos teus amo-te ser dobrado a verdade, adeus.

Francisco Reis