O labirinto de Fauno
A mim irrita-me que se dividam os filmes em géneros. E irrita-me ainda mais que certas categorias como o drama sejam vistas como superiores e que outras como a comédia ou os filmes do fantástico sejam vistas como menores. Para mim existem três tipos de filmes: as obras primas, os filmes bons e os filmes maus. O labirinto do fauno é um filme bom.
Este fantástico filme do fantástico é um fantástico filme da recente vaga de bons realizadores mexicanos. Depois de Alfonso Cuarón (A tua mãe também, Os filhos do Homem) e Alejandro González Iñarritu (Amor cão, 21 Gramas e Babel) aparece Guillermo Del Toro a fazer este brilhante exercício de cinema, bom cinema.
A acção é tão complexa com a simplicidade pode ser: na Espanha pós guerra civil vive-se a tensão dos soldados franquistas perseguirem os rebeldes comunistas, no meio desta confusão aparece Ofélia uma jovem orfã de pai morto na guerra e cuja mãe se casou com um cruel oficial apenas para remediar a sua vida.
A Ofélia perante um frio padastro e a fragilidade de uma mãe grávida resta a sua imaginação. E é da imaginação da princesa que nasce a parada fantástica de criaturas e de magia que cativa o espectador. Da realidade que é a imaginação de Del Toro nasce a violência que povoa o filme.
O labirinto é um filme sobre a inocência. A inocência do oficial franquista que quer cegamente cumprir as suas ordens e honrar a sua vida morrendo em combate como o seu pai, a inocência de Ofélia e do seu muundo e a inocência de Del Toro, uma grande criança que coloca o mal e o bem de lados diferentes quando fora da tela ambas as facções andam lado a lado. A ver.