As garras do Gato
O quarteto do Gato Fedorento resolveu criar um blogue, qaundo começavam a aparecer em Portugal esta coisa engraçada dos blogues. Trabalhavam nas Produções Fictícias a escrever textos de humor para gigantes do riso como Herman José e Maria Rueff e, portanto o seu blogue só podia ser de humor.
Tornaram-se um sucesso neste canto a que chamamos Blogosfera e o olho atento de Francisco Penin então na SIC Radical convidou-os para fazerem do seu humor inteligente um programa composto por sketchs de humor. Primeiro apareceram Ricardo Araujo Pereira e Zé Diogo Quintela a participar no Perfeito Anormal, programa de Alvim e Nuno Markl, quem não se lembra do sketch do "a minha vida dava um filme indiano"?
Mais tarde juntaram-se Miguel Góis e Tiago Dores para que o quarteto do blogue se tranformar num programa de TV com nome próprio. Primeiro a Série Fonseca, depois a Meireles e por fim a Barbosa. O humor Fedorento de então era de crítica e sátira social e de um certo non-cense ao estilo Monty Piton, as frases andavam e andam na boca de todos e o Gato tornou-se um fenómeno avassalador que galgou do blogue e do canal de culto para os dvs que venderam e muito, para um livro e para uma digressão por várias salas de teatro. Num país em crise o humor que gozava com a maneira de ser dos tugas fez rir Portugal.
Depois o Gato cresceu. Transferiu-se para o horário nobre da RTP 1 com um programa parecido ao da SIC Radical mas com muito mais dinheiro e prestígio, a Série Lopes da Silva mostrou um Gato mais crescido e com ainda mais piada. O Gato não se acomoda, evolui.
O Gato de seguida parou com os sketchs intemporais e começou um novo nível de paródia. "Diz que é uma espécie de magazine" está ainda no ar e é muito bom, continua a viver dos sketchs mas é muito mais que isso.
Primeiro os sketchs já não intemporais, são muito actuais, parodiam os acontecimentos mais recentes com um humor mordaz e certeiro, existe todos os programas uma banda convidada para gozar com alguma música e temos os ainda muito populares tesourinhos deprimentes onde o Gato goza com antigos programas da RTP.
Mas o Gato é mais do que o seu programa de TV. O Gato está embrenhado nos portugueses, há um "efeito fedorento" como lhe chamou Pedro Rolo Duarte, às vezes damos conosco a olhar para uma pessoa ou situação na rua e rimos, rimos porque sabemos que aquilo ficava mesmo bem no Gato e que RAP saberia imitar com precisão cada tique da pessoa que está à nossa frente, e rimos.
Mas RAP não é um palhaço. É um homem muito inteligente como se pode ver pelas suas crónicas na Visão, podem parecer textos de humor mas têm uma crítica e uma analíse muito irónica e acertiva.
O Gato pesa na sociedade portuguesa e sabe isso, muitos os veneram, todos os conhecem e, destaco a sua mais recente iniciativa. Pagando do seu bolso o quarteto fez um outdoor gozando o outdoor vizinho do PNR que é claramente fascista.
O Gato é a consciência de Portugal.