O escritório
Agora trabalhava num escritório. Oito horas em quadro paredes à prova de sol. A ampulheta não sangra nos dias chatos. Fazia tarefas menores. Depois tentava convencer-se de que nenhuma tarefa é menor quando feita com boa vontade. Mas é. Há tarefas menores.
Lembrava-se muitas vezes dos elogios. Que as palavras lhe obedeciam. Que era um poeta nato. Lembrava-se mas no escritório ninguém desconfiava de que lhe faltava o ar de não escrever, lhe sugavam o riso de não ter ideias, que não o bajularem como haviam feito sempre era um rude golpe e uma maneira cruel de entrar na realidade.
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