Natal, versão 2009
Estou de abalada para o Alentejo. Chega mais um Natal e é hora de juntar a família à volta do bacalhau. Espera-me um frio que não passa. Mas já não espero por quem me aqueça. Esperam-me as delícias da cozinha da Mãe. A garrafeira do pai. A parvidade da mana. A inocência do afilhado. A cultura do tio. A gestão do tio. A classe da tia. A jovialidade do primo.
Falta de mais. Faltam os avós que se deitavam às 21hoo sem comer bacalhau nem ligar às prendas que o sono faz mais falta do que o décimo quinto perfume que nunca usariam mas tinham boas marcas estrangeiras e embrulhos do melhor. Os avós não queriam saber da Consoada mas estavam sempre a uns quartos de distânia. Agora já não. É por isso que não gosto do Natal.
Talvez só me recupere quando tiver filhos. Espero que sim. Quero gostar do Natal. Ter paciência para a árvore e presépio. Cantar. Dançar e usar um barrete estúpido. Agora estou mais perto. Já escolhi a mãe dos meus filhos. Um dia voltarei a gostar do Natal. Mas não já. É cedo.
O Chaveiro não está atrás do balcão. A Rosa não está à lareira. Dos Natais felizes sobra uma enorme casa vazia e por isso mesmo, refugiamo-nos numa pequena e fria casa.
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