A morte da voz

No comment yet



Era fácil nos anos em que a maturidade


não me habitava


sorrir


voar


e cantar


sorria e devastava


com a mítica facilidade do génesis


cada completo e engalanado espectro de dor


voava acompanhado


quer aquele pássaro que tinha em cada primavera


um novo ninho


quer aqueles sonhos que perto do sol se derreteram


e cantava-te poemas


como se fosses uma musa que nunca serás


cantava rouco aquelas músicas que ouvi


das vezes que espreitei aquele mar seco


é difícil


ser adulto


e perder o mapa


que me levou ao sorriso


é cruel não mais saber voar


e anunciar num fado a morte da voz