1 comment

Aquele que foi ferido pela cegueira, não pode por isso esquecer que perdeu o precioso tesouro da sua vista...Tu não podes ensinar-me a esquecer.


William Shakespeare , Romeu e Julieta

Miguel Torga

2 comments
Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

A Quadrilha por Sara e Francisco

2 comments

Vou contar-vos do princípio uma história de desencontros na qual só entrei no fim.Desde muito cedo, percebi a importância que aquelas pessoas tinham umas para as outras. Não era o simples grupo de amigos que se juntava para umas saídas à noite, ou às sextas-feiras para beber um copo. Era o grupo de amigos, a quadrilha, que se juntava à sexta-feira e aos outros dias todos à volta dos copos. À volta das tempestades em copos de água, à volta das tempestades que traziam água aos olhos. Olhos que muito riram, olhos que muito viram, que olhos eram estes? Eram os olhos azuis do João, azul como o mar que lhe batia à porta todas as férias. Os olhos verdes da Teresa, verde como o pequeno jardim de sua casa onde brincavam. Os olhos castanhos do Raimundo, castanho como o tronco de árvore onde marcavam os seus nomes a cada final de férias como contrato de volta. A árvore era o notário, a testemunha, o compromisso, a promessa. Os olhos amarelados da Maria, amarelo como cada grão de areia, cada castelo construído, em tempos em que o drama era a força do mar ou a intensidade do vento que o destruí-a. Os olhos pretos do Joaquim, preto como o escuro das noites que lhes faziam companhia nas longas conversas. Os olhos alaranjados da Lili, laranja como o nascer e o pôr-do-sol, conforme o estado de espírito.



Encontravam-se todos os anos, todos os Verões e sempre na Costa, no Bairro do Sol. Nenhum lá nasceu, nenhum lá cresceu, nenhum lá viveu, mas um lá morreu. Nenhum lá viveu por mais de dois meses por ano, no entanto era lá que todos se sentiam em casa. Conheceram-se há aproximadamente quinze anos. Tinham eles seis, sete, ou oito anos.Passada a fase dos castelos, surgiu a dos príncipes e das princesas. Começaram a apaixonar-se, cresceram. O primeiro foi o João que viu em Teresa o despertar da paixão. Esta só tinha olhos para o Raimundo, que por sua vez, morria de amores pela Maria, que via em Joaquim o que Lili não via.Do grupo do Bairro do Sol, só Lili não se apaixonou qualificando-se como o muro de lamentações dos amigos. Depois daquele verão em que os sentimentos ultrapassaram o limite da amizade, nada voltou a ser o que era. Naquele fim de Verão, quando voltaram a escrever na árvore, não sabiam se podiam cumprir a promessa de voltar. Tinham agora dezoito anos e a sua infância ficou em frente ao Bairro do sol, enterrada na praia.



Os seus caminhos separaram-se. O João foi para os Estados Unidos estudar gestão, sempre teve jeito para números, era sempre ele que ficava que dividir as contas dos jantares. A Teresa percebeu que amava mais Deus que Raimundo e foi para o convento, para grande espanto de todos. O pobre Raimundo, o mais radical de todos, entrou para desporto. Morreu num acidente de moto dois anos depois daquele Verão, este acidente ficou-lhes marcado. A Maria que sempre foi a mais bonita, foi para design. Pode-se dizer que tem uma carreira de sucesso, mas com tantos pretendentes, não soube escolher e ficou para tia. O caminho mais inesperado foi o do Joaquim. Perdeu-se e só se encontrou de novo no Bairro do Sol, sozinho, encostado à árvore, com uma caixa de comprimidos ao lado, depois de riscar o seu nome, ele não voltaria.Depois daquele Verão no Bairro do Sol em que o amor os baralhou, só se voltaram a encontrar três vezes. A primeira no funeral do Raimundo, no qual choraram e fizeram promessas de se ver mais vezes, por eles, pelo Raimundo. Nada fizeram. A segunda no funeral do Joaquim, redobraram as promessas entre lágrimas. Estas secaram e com elas as promessas, só mais uma vez se viram. Por fim a terceira, no súbito casamento da Lili no qual perceberam que se tinham perdido e fizeram votos de nunca mais se separarem

Sim, no meu casamento com Lili. Lili casou-se comigo, J. Pinto Fernandes. Até ontem, não havia dia em que não ouvia falar no Bairro do Sol, na árvore onde escreviam os seus nomes ano após ano, e das “paixonetas” que foram bem mais do que isso. Tudo na Natureza nasce da chuva e do sol, sei que também Lili nasceu e cresceu graças ao sol que os amigos daquele Bairro lhe proporcionaram e que fizeram com que eu não pude deixar de me apaixonar por ela. Apesar das suas últimas férias no Bairro do Sol terem sido há muito tempo e das recordações já terem pó, agradeço aquele Bairro e os amigos por tudo o que fizeram pela minha Lili. Este bairro fez correr muita chuva nos seus olhos. Chuva de saudade e chuva de tristeza ou de alegria, conforme. Chuva de saudade a cada dia que passava e não os via, chuva de tristeza na morte de Raimundo e de Joaquim, chuva de alegria cada vez que se lembrava de mais um Verão.Conto esta historia por amor a Lili que foi ontem ter com Raimundo e Joaquim a um Bairro, que espero melhor que este. Aquelas férias foram os melhores da minha vida sem sequer as ter vivido. Quanto aos amigos do Bairro do Sol, nenhum deles se esqueceu daqueles Verões, mas nenhum deles teve coragem para dar Sol aos seus Bairros. Hoje encontro-me com eles todas as sextas-feiras. Por amor a Lili. É assim que a mantenho viva.

Divagar pelo sentimento de outro

No comment yet

Negros os dias agora sem ti. Negros. Mesmo ao sol sinto-me escuro e acreditem na minha terra faz muito sol. Acreditem são negros os dias sem ti, tu me trouxeste uma nova paleta de cores quando os meus sentimentos eram daltónicos.

Depois foste embora e levaste em ti a cor. Agora vivo negro os meus dias negros.
3 comments

Um dia acordei e decidi como que por magia que ia viver a minha vida. às vezes a vida é assim, para ser vivida. otras não é para nos deitarmos e ficarmos assim a fingir que morremos mesmo estando a respirar. outras vezes pensamos que estamos a viver mas na verdade não estamos. eu estava morto e um dia acordei e decidi experimentar viver. gostei. tomei sozinho as minhas decisões. vesti a roupa que me apeteceu e não a que o patrão escolheu para mim. comi o que me apeteceu e não o que o médico me tinha cozinhado. beijei a rapariga de quem mais gostava e não a que gostava mais de mim. depois fui para o verde de onde sou e corri, de onde eu sou, aonde eu pertenço posso correr sem algemas de betão. lá não há limites. lá nasci e assim decidi que só lá estou vivO.

Apanhar o metro

1 comment
São rebanhos de carneiros obedientes. São manadas a correr furiosas. São os atrasados que correm mas não querem chegar. São as pessoas a apanhar o metro de manhã. Assim começa o dia.

Dia Mundial do Livro

1 comment

Hoje é dia do livro mas os livros fazem parte de todos os meus dias. Os livros são dos melhores amigos que se pode ter.

Artic Monkeys

No comment yet

O regresso mais esperado do mundo da música acontece hoje. Os Artic Monkeys, banda fetiche do mundo distribui hoje pelas lojas o seu segundo cd Favourite Worst Nightmare. E eu aposto que é muito bom.

Notas da bola

No comment yet

Eusébio- O deus do futebol português foi operado hoje. As melhoras, pantera negra, ganha também este trofeu. Resistência.


Figo- No fim da carreira, Figo continua a ter classe mundial e acaba de vencer pela segunda vez consecutiva o campeonato italiano. Classe.


Ronaldo- O talentoso delfim do futebol nacional foi considerado o melhor jogador do campeonato inglês pelos seus colegas jogadores, uma grande honra para um jogador que tem apenas 22 anos.


Tiago- Discreto e tímido quase nem se dá por ele mas, Tiago é um dos melhores jogadores portugueses e colecciona títulos. É bi-campeão francês.


Sporting- Depois de garantida a final da taça, o SCP continua a lutar pela liga com jogos de classe e de muitos e bons golos. Tivesse este Sporting acordado mais cedo....