Mirtilo

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O título português não faz jus ao original “My blueberry nights”. Ficou um mais apelativo “O sabor do amor” que chama desde logo todos os apaixonados. As minhas noites de mirtilo seria um título ridículo confesso, mas este não passa a mensagem que se quer passar. O mirtilo (fruto silvestre) é, em forma de tarte, protagonista do filme. Norah Jones fica a saber por Jude Law que a tarte de mirtilo vai sempre para o lixo ao fim do dia e, passa a comer todas as noite uma fatia.
O que leva Norah a este café é o namorado que vive em frente e a deixa. É bom de ver que o filme gira em torno do fim do amor. Como esquecer alguém que amamos e nos descarta sem aviso? Norah acalenta a esperança do amado voltar para ela e, é nesta esperança que desenvolve uma relação de sincera amizade com Jude.
Percebendo que nada mudaria parte numa viagem pela América. Manter-se ocupada e esquece-lo. Pelo caminho encontra uma femme fatal, Rachel Weiz pós- mamã , e uma jogadora, Natalie Portman.
Na viagem e no pós-viagem Norah percebe que o amigo que deixou no café é a solução para o seu desgosto.
Mas o que distingue este filme de um cliché? Norah Jones é uma galardoada cantora e música que fez deste filme umas das suas lindamente tristes canções, Norah não é apenas mais uma cara bonita que acha que canta e representa. Norah é de facto bonita, é de facto cantora e das melhores da sua idade e do seu tempo e experimentou com sucesso a representação. Faltam-lhe km, é verdade, mas o talento e o esforço estão lá. O argumento é cliché na medida em que nada é mais comum que a dor das pessoas. Mas, a viagem do esquecimento traz outras histórias boas e apresenta duas senhoras actrizes: Weiz e Portman, que em papeis estrondosos nos mostram que é que manda ali. Mas Norah é humilde e segura-se a elas para ir brilhando.
Uma interessante peça de melancolia. Um interessante ensaio sobre a dor e as suas curas.

PS: Belo genérico. Não há bom filme sem genérico. Faz falta.