Lady Sarah Ashley (Nic Kidman) é uma aristocrata inglesa na Londres dos anos 30, tem o seu aventureiro marido na Austrália a tentar fazer de uma manada de vacas a manuntenção da riqueza do casal. Com pouca fé no marido Sarah viaja para a Oceania apenas para já o encontrar morto. O fabuloso papel de Kidman vai passando de uma requintada lady para uma desembaraçada amazona. A grande tarefa de Sarah é levar 1.500 cabeças de gado até ao porto de Darwin onde venderá ao exército carne para as tropas comerem à beira da II GM. Sarah é uma senhora em Inglaterra, é a senhora patroa na Austrália, é bondosa para os empregados e dura perante a crueldade do capataz que se torna seu mortal inimigo. Sarah é viúva uma e duas vezes. É mãe sem o ser. É um papelão que contraria uma rídicula crítica que hoje li.
Para ajudar na tarefa conhece Drove (Hugh Jackman) que, no seu papel de solitário cowboy a ajuda na tarefa e, claro, protagoniza uma memorável romance. A personagem de Jackman é o típico durão solitário (com um passado que o fez assim), é um homem que por se dar com os aborígenes é desprezado pelos "brancos", é um homem que faz questão de se dizer livre e afirma várias vezes "ninguém me contrata, ninguém me despede", é um homem que não resiste aos encantos de Kidman e, a dada, altura temos uma valente sequência de beijos (incluido o beijo à chuva que qulaquer grande romance tem que ter). Temos ainda um Jackman herói de guerra mas não posso revelar muito mais.
Há ainda a questão dos aborigenes. Toda uma geração de "creamys" filhos de mães locais e de brancos que, só querendo divertir-se, criaram "gerações roubadas" mais discriminadas que os próprios "negros". É um desses meninos que se torna uma peça central. Para começar é o narrador. Num inglês tosco relata toda a saga. Conta as histórias. Torna-se o centro a partir do qual tudo se desenrola.
Austrália é um western com cenas de brigas nos saloons (neste caso o bar é de um russo chamado Ivan), é um romance, dramalhão, melodrama à escala de E tudo o vento levou, é um filme de guerra com cenas que parecem cortadas de Cartas de Iwo Jima, é um pedido de desculpa aos aborigenes como já o tinha sido A vedação. É muito mais. É uma carta de amor de Baz à Austrália. É um postal ilustrado pela sua maravilhosa fotografia.
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