Cinema - O Leitor

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Li, há uns anos, numas férias na praia da Ericeira, um belo livro. O Leitor, de Bernard Schlink. Gostei muito, era já adepto da frieza quente da escrita germânica depois de já ter lido Patrick Suskind e um pouquinho de Gunther Grass. Na minha cabeça imaginei as personagens e, tive vontade de ver aquel história num filme.


O filme fez-se e, chegou este ano a Portugal. Kate Winslet a melhor actriz do ano faz de Hannah e um jovem alemão de seu nome David Kross faz de Michael Kross. Michael é um jovem de 15 anos que se sente mal e é ajudado por Hannah, de 36 anos, uma bondosa estranha que o leva a casa na Alemanha cinzenta do pós-guerra. Passado algum tempo o jovem vai agradecer a Hannah a ajuda e, nasce entre eles um sentimento muito forte.


Hannah, triste e obstinada, aprecia a companhia de Michael que lhe transmite a cultura que ela não tem e, lhe lê em voz alta obras como a Odisseia de Homero. Ela proporciona-lhe a experiência da sexualidade. Nesta forma de amor os dois vivem um Verão que os marca para sempre. Hannah, com fantasmas, e, com a consciência de que não pode privar o seu pequeno amante de uma juventude plena muda-se sem aviso.


Anos mais tarde Michael, jovem estudante de Direito, encontra Hannah a ser julgada. Descobre que a sua ex-amante foi guarda em Auchwitz e tem no seu passado crimes que parece não perceber e não ter arrependimento.


O livro e o filme são sobre o sentimento de culpa que continuou a existir para lá da guerra como se todo o povo alemão se envergonhasse do sentimento Nazi. Até certo ponto o filme mostra que todos sabiam o que se passava mas nada fizeram. A história de amor serve para vender a história da culpa e responsabilidade num filme sobre os fantasmas do passado. Se Michael e Hannah não se esqueceram um do outro até ao fim das suas vidas como haveria Hannah de se esquecer de ter sido assassina?