Do aborto

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Mas qual é a verdadeira questão?

Oito anos depois vai haver este ano um referendo que decidirá se uma mulher que faça um aborto é criminosa ou não.

A discussão tem marcado a actualidade portuguesa e marca porque mexe com um valor maior do que tudo: o valor da própria vida.

Quem votar sim vota a favor das mulheres poderem fazer um aborto. Quem vota não põe na cadeia a mulher que faça um aborto.

Antes de mais a minha posição é sim e se o meu texto parecer tendencioso é porque talvez o seja mesmo.

Votarei sim. Não concordo com o aborto porque muitos resultam da inscosciência da mulher e/ou do seu companheiro de coito mas concordo que a mulher deve poder escolher aquilo que se passa dentro do seu corpo.
Só a mulher pode decidir se pode e quer ter um filho e ninguém se pode substituir a ela nessa decisão.

O não fará sentido? Para mim não! É hipócrata pensar que as mulheres uma vez grávidas devem pagar a pena de ter um filho. Pena? Sim em certos casos um filho que não seja desejado é uma pena e portanto não será amado.

Em última análise parece-me tão obvio que a mulher é a dona do seu corpo e só ela deve decidir o que lá se passa.

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Anonymous 31 January, 2007 04:02

le sr poeta...

"Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

Vinicius de Moraes